Os Citizen Developers são os vilões do momento ou a relação entre eles e profissionais de desenvolvimento de software é uma relação de complementação e de melhoria mútua? Os cidadãos-desenvolvedores e os profissionais de TI têm em comum o interesse em resolver problemas e melhorar processos, mas a forma como eles lidam com isso é diferente. As habilidades e experiências de cada grupo são distintas, mas podem ser complementares.

O que acontece quando cidadãos comuns passam a ter acesso a uma tecnologia que lhes permite desenvolver soluções completas, para navegadores, para celulares, sem a necessidade de conhecimento técnico, sem a necessidade de digitar uma linha de codificação?

O que acontece quando desenvolvedores experientes começam a enxergar uma enxurrada de gente nova no mercado desenvolvendo soluções com essas tecnologias, denominadas no-code e low-code?

Seriam os Citizen Developers os novos vilões do mercado, roubando o espaço que pertencia há tanto tempo aos desenvolvedores?

O termo “Citizen Developer” – que traduzido ao pé da letra seria algo como “cidadão-desenvolvedor” – se refere a pessoas sem treinamento formal em programação que desenvolvem aplicativos ou soluções de software usando ferramentas voltadas ao cidadão comum.

O termo começou a ganhar força na década de 2010, quando ferramentas de criação de aplicativos como o Salesforce, o Microsoft PowerApps e o AppSheet foram lançadas. A partir dali, já não era mais necessário conhecimentos de programação avançados para criar aplicativos. Ninguém  imaginava, mas ali começava uma nova era. 

E o impacto dos Citizen Developers nas empresas e na sociedade em geral foi bastante significativo. Empresas começaram a notar que a criação de aplicativos era mais rápida e eficiente, o que reduziu custos e aumentou a produtividade.

Muitas pessoas passaram a ser capazes de automatizar tarefas e de criar aplicativos. E isso acendeu uma luz de alerta na comunidade de desenvolvedores do mundo inteiro. Para muitos desenvolvedores, a chegada dos Citizen Developers trouxe um desafio, mas também uma oportunidade.

A possibilidade de pessoas comuns criarem aplicativos traz a ideia de que desenvolvedores profissionais poderiam ser ultrapassados e deixados de lado. Por outro lado, a nova realidade traz uma oportunidade.

Para os desenvolvedores profissionais, a presença dos Citizen Developers abre novas possibilidades de colaboração e aprendizado. Em vez de competir com os Citizen Developers, os desenvolvedores profissionais podem ajudá-los e treiná-los, por exemplo, ensinando melhores práticas de desenvolvimento e garantindo a qualidade dos resultados.

Logo, a afirmação de que os Citizen Developers seriam os novos vilões do mercado não é verdadeira. Citizen developers estão só aproveitando ferramentas novas para atingir seus objetivos. Eles não desejam tirar o emprego dos desenvolvedores profissionais, apenas querem acelerar o processo de desenvolvimento e torná-lo mais acessível, entende?

E aí você pode estar se perguntando: mas isso não traz mais concorrência de qualquer forma? Sim, isso pode levar a mais concorrência. Mas, ao mesmo tempo, aumenta a demanda por profissionais qualificados. É um mercado novo, com novas oportunidades. 

Muitos desenvolvedores já estão trabalhando com Citizen Developers, e estão aproveitando as oportunidades para garantir a integridade das soluções e trabalhar como parceiros.

Mas será que a convivência entre esses profissionais pode realmente ser pacífica? É claro que há situações em que a convivência pode não ser tão pacífica, mas, no geral, a tendência é que o trabalho em equipe entre Citizen Developers e profissionais em desenvolvimento seja uma situação de sinergia, onde ambos complementam as deficiências do outro.

E para as empresas, essa parceria pode trazer bons resultados, então? Podemos afirmar que sim. É uma situação win-win. A empresa tem mais soluções e de uma maneira mais rápida. Os profissionais podem trabalhar com o que eles realmente entendem, deixando o Citizen Developer se ocupar de coisas mais básicas e de automação de tarefas. E os Citizen Developers, claro, podem aprender com os profissionais mais qualificados.

E quanto às vantagens do trabalho em equipe para ambos os tipos de profissionais? O primeiro ponto seria que o profissional pode ensinar ao Citizen Developer sobre as melhores práticas de desenvolvimento, assim como pode ajudá-lo a entender as técnicas de pesquisa de problemas, de design de soluções e de desenvolvimento de código.

O segundo ponto seria o ganho do profissional de TI. Visto que o Citizen Developer normalmente trata da criação de automações completas mas bem mais simples, o profissional pode se dedicar a trabalhos mais complexos e estratégicos. Isso permite a otimização do trabalho, bem como a melhoria do conhecimento do profissional.

A colaboração entre Citizen Developers e profissionais de TI é uma força vencedora.

Os Citizen Developers não são os vilões como muita gente pode pensar por aí. Uma possibilidade seria dizer que eles são os “cariocas” da programação: são as pessoas que trabalham de forma criativa e não-formal, aprendendo as habilidades de programação por conta própria. Apesar de não terem a mesma formação dos profissionais, conseguem fazer coisas incríveis.

Nessa analogia, queremos dizer que da mesma forma que os cariocas são conhecidos por saber lidar com situações improvisadas, os Citizen Developers também conseguem resolver problemas de forma criativa e com habilidade. E isso é incrível!

Fonte: https://leoandrade.net/os-citizen-developers-vao-roubar-os-empregos-dos-developers/