Em meio à polêmica que gira em torno do tema “low-code”, com alguns defendendo a ideia de que isso nunca será programação e outros aproveitando as oportunidades que essas ferramentas oferecem sem se preocupar com as críticas, o fato é que no meio dessa guerra de narrativas, está um conceito conhecido como “abstração”.
Imagine você com uma fome louca de criar um aplicativo. No método antigo, você teria que caçar o animal, cozinhar e preparar seu sanduíche passo a passo
Cansativo, né?
Mas com low-code, é como se você estivesse na fila do drive-thru, gritando: ‘Eu quero um app com batatas extra e um widget de sobremesa!’.
Em poucos minutos, voilà, sua refeição tech está pronta!
Low-code é a grande abstração do mundo da codificação.
Imagine que você tem o desejo de construir uma casa. No método tradicional, você reuniria uma série de materiais: tijolos, cimento, ferramentas variadas.
Além disso, precisaria de habilidades específicas, como alvenaria e carpintaria, para unir tudo e dar vida à sua visão.
Agora, em vez de começar do zero, imagine que alguém lhe ofereça um kit pré-fabricado. Este kit já vem com paredes montadas, peças numeradas e um manual de instruções detalhado.
Sua tarefa não é mais criar cada detalhe do zero, mas apenas encaixar as peças seguindo um guia. O processo se torna mais simples, rápido e acessível até mesmo para quem nunca construiu uma casa antes.
No universo do desenvolvimento de software, esse conceito de simplificar processos é chamado de “abstração”.
Assim como o kit pré-fabricado facilita a construção de uma casa, ferramentas e plataformas de abstração tornam a criação de programas e aplicativos mais acessível.
Em vez de escrever linhas e linhas de código do zero, desenvolvedores podem usar ferramentas que já fornecem blocos de construção prontos.
Ao longo dos anos, a tecnologia tem buscado maneiras de tornar tarefas complicadas em algo mais simples e eficiente.
A abstração é apenas um exemplo de como a inovação pode facilitar a vida de profissionais e entusiastas, permitindo que mais pessoas participem e contribuam para o mundo digital.
Quando citamos “ao longo dos anos”, é preciso entender um pouquinho do que aconteceu no passado.
Imagine que você queria escrever uma carta, mas em vez de palavras e frases, você só poderia usar símbolos e números.
Nos anos 50 e 60, programar era exatamente assim. Os programadores usavam “linguagem de máquina” ou “Assembly”.
Eram códigos muito intrincados e, para muitos, pareciam um quebra-cabeça difícil de decifrar. Logo, havia uma necessidade de simplificar o processo.
Imagine ter que escrever páginas e páginas de símbolos apenas para fazer uma tarefa simples no computador! Devia mesmo ser uma loucura naquela época. Era evidente que precisávamos de uma solução mais eficiente.
A resposta veio com o surgimento das primeiras linguagens de alto nível, como FORTRAN e COBOL. Pense nelas como uma espécie de “tradutor”.
Assim, em vez de escrever em códigos complicados, os programadores podiam usar comandos e instruções mais simples, semelhantes ao inglês.
Estes comandos, depois, seriam convertidos para a linguagem que a máquina compreendia.
Essas novas linguagens representaram uma grande revolução. Elas trouxeram uma camada de abstração, tornando o mundo da programação mais acessível. De repente, mais pessoas podiam aprender e desenvolver software sem precisar dominar os códigos complexos dos primórdios. Acontecia ali uma abstração. Isso mesmo. Uma abstração.
Se nos anos 50 e 60 vimos a chegada das linguagens de alto nível, os anos 90 e 2000 nos presentearam com algo igualmente revolucionário: os frameworks e bibliotecas.
Pense neles como caixas de ferramentas prontas.
Ao invés de um carpinteiro criar todas as suas ferramentas do zero, ele poderia comprar uma caixa com tudo que precisasse, adaptando apenas o necessário para suas tarefas específicas.
No mundo da programação, essas “caixas de ferramentas” ajudam os desenvolvedores a criar aplicativos e sites mais rapidamente e com mais eficiência.
Para você ter uma ideia mais clara, temos o jQuery para JavaScript e o Ruby on Rails para Ruby. Eles são exemplos de ferramentas que simplificam tarefas que, de outra forma, seriam repetitivas e demoradas.
Com esses recursos, os desenvolvedores não tinham que começar do zero ou “reinventar a roda” toda vez que iniciavam um novo projeto.
Era como ter um modelo pré-construído de uma casa e apenas customizar os quartos de acordo com a necessidade.
E assim, outra camada de abstração foi adicionada ao universo da programação, tornando os desenvolvedores ainda mais produtivos e eficientes.
Tá começando a entender direitinho o conceito de abstração? Cada vez mais, ganhamos o poder de construir coisas novas com mais recursos nas mãos, e com menos trabalho.
Com a popularização da internet, veio também uma revolução na forma como acessamos e compartilhamos informações.
Mas isso não beneficiou apenas os usuários comuns; também deu origem a uma nova era no mundo da criação de websites, por exemplo.
Então surgiram plataformas como WordPress, Joomla e Drupal. Mais do que simples ferramentas, elas representavam um novo paradigma.
Agora, criar um site não necessariamente exigia um vasto conhecimento em programação.
Qualquer pessoa, independente de sua formação técnica, poderia criar um espaço online para compartilhar ideias, produtos ou serviços. E uma das grandes inovações dessas plataformas foi justamente a introdução de componentes pré-fabricados, como plugins e temas.
Imagine ter blocos de construção à sua disposição, prontos para serem arranjados e personalizados conforme sua visão. Quer adicionar uma galeria de fotos? Há um plugin para isso. Deseja mudar a aparência do site? Escolha um tema e personalize.
Estas plataformas consolidaram a tendência de tornar a tecnologia mais acessível, trazendo mais uma camada de simplificação.
O processo de criar um website tornou-se menos sobre o código em si e mais sobre a visão e criatividade do criador.
E aqui chegamos à era moderna, onde plataformas low-code e no-code, como OutSystems, Bubble e Webflow, estão revolucionando a forma como desenvolvemos.
Elas elevam a abstração ao nível máximo, permitindo criar aplicações completas apenas arrastando e soltando componentes, sem necessidade de escrever código.
O conceito de low-code/no-code é tão poderoso que tem democratizado o desenvolvimento de software. Não é mais necessário ser um especialista em programação para criar soluções digitais.
Empreendedores, designers e profissionais de outras áreas estão criando suas próprias aplicações sem a necessidade de uma formação em ciência da computação.
O low-code eleva o conceito de abstração a um novo patamar.
Imagine poder construir um edifício inteiro simplesmente selecionando, arrastando e soltando os cômodos desejados. É assim que funcionam essas ferramentas: permitem a criação de aplicações robustas sem mergulhar nas profundezas da codificação.
É importante entender uma coisa de uma vez por todas: o movimento low-code/no-code não é apenas uma tendência técnica, mas uma transformação cultural.
O desenvolvimento de software, antes reservado para especialistas, agora está ao alcance de todos! E isso assusta um pouco mesmo o mercado, claro.
A barreira entre ideia e execução nunca foi tão tênue: empreendedores podem testar conceitos rapidamente, designers podem dar vida às suas visões sem depender de desenvolvedores, profissionais de diferentes setores têm o poder de criar, inovar e resolver problemas sem o título de “programador”.
A tecnologia está, verdadeiramente, nas mãos do povo!
A abstração, desde as primeiras linguagens de alto nível até as modernas plataformas low-code e no-code, tem sido um aliado poderoso para facilitar e acelerar o desenvolvimento.
À medida que a tecnologia avança, é emocionante pensar no que o futuro nos reserva. Talvez um dia, todos sejamos capazes de criar soluções digitais com o simples estalar de dedos. E não duvide disso.
Fonte: https://leoandrade.net/low-code-abstracao-simplificacao-e-o-futuro-da-programacao/